Água, Saúde e Vida: projeto inaugura mais uma estação de tratamento e purificação nas terras indígenas Tenondé Porã no extremo sul de São Paulo
Esta é a terceira unidade construída com investimentos da Fundação Mohammed Bin Rashid e da FAMBRAS; outras duas já se encontram em funcionamento
Povos originários da aldeia Tenondé Porã celebraram no último sábado (20) mais um investimento em seu território. O motivo foi a inauguração da terceira estação de tratamento e purificação de água na região, localizada no extremo sul da capital paulista. A Federação das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS e a Fundação Mohammed Bin Rashid Al Maktoum Humanitarian & Charity, entidade dos Emirados Árabes Unidos, financiaram a construção da unidade. A inauguração aconteceu no mesmo dia em que também se comemora a Consciência Indígena.
Para viabilizar o acesso digno à água potável, promovendo saúde e bem-estar nas comunidades menos favorecidas, a estação utiliza o purificador de água Ecolágua, criado por Roland Vetter, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa). A tecnologia utiliza raios ultravioleta (UV) para purificar água de rios e torná-la potável. Para a instalação, um estudo sobre as condições e necessidades foi elaborado.
“Temos um Plano de Gestão, Territorial e Ambiental para cada terra indígena, e dentro desse planejamento fazemos uma análise da situação e das principais demandas como infraestrutura, água, energia elétrica e produção, entre outros. Após esta análise, pensamos em ações. No que tange à água, estudamos as aldeias que têm uma vulnerabilidade maior em se tratando de recursos hídricos e em seguida, trabalhamos para o líquido estar nos parâmetros de potabilidade”, explica o antropólogo Lucas dos Santos.
Na aldeia, que faz questão de preservar os hábitos e as tradições da etnia guarani, a oferta de água potável ajuda na preparação de alimentos para o consumo local e nas atividades e serviços realizados no campo beneficiando adultos, idosos e crianças. A indígena e também professora Priscila falou dos benefícios que o recurso natural proporciona para toda a comunidade. São centenas de pessoas vivendo no território.
“Nós não temos cacique. Temos algumas lideranças e executamos a tarefa em conjunto, de igual para igual. A água potável trará mais qualidade de vida para todos aqui. As crianças vão estar mais saudáveis para estudarem e se divertirem, as mulheres vão poder cozinhar com mais tranquilidade e os outros vão poder usar como bem quiserem”, detalha.
O purificador Ecolágua possui alguns componentes como lâmpada, tubo metálico e painéis solares. Cada peça tem uma função importante no processo de limpeza da água em poucos segundos. Delduque Martins, diretor de Projetos e Relações Institucionais da FAMBRAS e engenheiro responsável pelo projeto e instalação, explica o processo de purificação e distribuição.
“A unidade consegue purificar aproximadamente 400 litros de água por hora. A eficiência de eliminação é de até 99% das bactérias e fungos da água. O aparelho, que pesa em média 13 quilos, tem uma lâmpada de luz ultravioleta acondicionada num tubo metálico. Quando a água passa por ele, recebe o ultravioleta fazendo com que o líquido saia desinfectado. A lâmpada e a bateria do aparelho duram cerca de três a quatro anos”, diz Martins.
“Já a energia que abastece o objeto é solar – captada por meio de painéis. Ela também abastece uma bateria instalada no equipamento que assegura o seu funcionamento mesmo na ausência de luz ou em dias chuvosos”, continua o diretor da FAMBRAS, que vem acompanhado de perto os investimentos realizados pela Federação e pela entidade emiradense.
Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, o acesso à água potável e segura para consumo, saneamento e higiene ainda é escasso para metade da população mundial. A ampliação dos recursos poderia evitar pelo menos 1,4 milhão de mortes. Além disso, há várias doenças associadas a condições precárias de abastecimento de água e higiene, entre elas, desnutrição, infecções respiratórias agudas e verminoses transmitidas pelo solo.
Durante a inauguração, que contou com a participação do vice-presidente da FAMBRAS, Ali Zoghbi, do representante do Consulado dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo, Amro Mohamed El Sayed Ali Awad e de diversas famílias da aldeia, ainda houve entrega de cestas básicas e apresentações culturais – com canto e dança. A previsão é que mais duas estações sejam inauguradas neste ano.