Vice-presidente da FAMBRAS participa de evento sobre a paz no Rio de Janeiro
O vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS, Ali Hussein El Zoghbi, participou ontem, 11 de setembro, do evento “Diálogos para a Paz”, na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A ação foi promovida pelo portal Words Heal the World, idealizado há um ano para gerar e divulgar conteúdos que abordam a importância de se combater a intolerância, o radicalismo e o extremismo.
No evento, a jornalista Beatriz Buarque, idealizadora do portal, reuniu representantes de três religiões representativas no Brasil que, infelizmente, são alvo de discursos de ódio: o Islam, o Judaísmo e as religiões afro-brasileiras. Além de Zoghbi, representando a religião islâmica, estiveram presentes Sérgio Storch, co-fundador da Frente Inter-religiosa Dom Evaristo Arns, que falou sobre o Judaísmo; e Fábio Seabra, publicitário e designer, estudioso de religiões afro-brasileiras.
Na abertura do evento, Beatriz Buarque apresentou o portal Words Heal the World e dados preocupantes, que merecem atenção mundial. Lembrou que ataques ocorridos em 11 de setembro de 2001, em Nova York, transformaram os muçulmanos em “inimigos internacionais, terroristas”. E que este ciclo de ódio fortaleceu grupos como o Daesh, que comete atos violentos usando a religião como justificativa. “Eles fazem uma propaganda bastante profissional, aproveitando-se da Internet e das redes sociais, para cooptar jovens”, destacou.
Sérgio Storch lembrou que o anti-semitismo no Brasil não é expressivo, mas, ainda assim, judeus e muçulmanos deveriam se unir para combater preconceitos e mitos que rotulam negativamente ambas as crenças. Fábio Seabra, no entanto, reconhece que religiões como candomblé e umbanda são alvo de perseguição. “Alguns têm só curiosidade, um certo estranhamento à nossa cultura, às nossas divindades. Outros resistem por puro preconceito. Falta esclarecimento e disseminação de informações nas famílias e nas escolas”.
Sobre o Islam, Ali Zoghbi destacou suas principais premissas – a busca pela paz, a importância da caridade e o respeito às diferenças e à liberdade religiosa. “Só a preservação da vida, por si só, já mostra que há uma fragilidade no discurso dos grupos extremistas. Não há, nas escrituras islâmicas, nenhuma orientação para fomentar guerras ou atentar contra a vida humana”.
Zoghbi fez, também, um importante alerta sobre o papel dos meios de comunicação que, muitas vezes, ecoam discursos de ódio que reforçam a islamofobia. “Prefiro acreditar que isto acontece por pura falta de conhecimento. Mas se não houver uma reflexão neste sentido, o preconceito contra os muçulmanos não vai cessar – e estamos falando de uma população que já corresponde a ¼ do planeta”.
Na fanpage Words Heal Brasil (@wordshealbrasil), é possível assistir à gravação do evento Diálogos para a Paz.