Professor Mohamed Habib traz reflexões sobre importantes questões do Oriente no quarto dia do O Mundo Islâmico

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Geopolítica, o Islam e a Contemporaneidade foi o tema que marcou o quarto dia do curso O Mundo Islâmico. Para iniciar o dia, o professor Mohamed Habib – Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UNICAMP – ministrou a palestra “O Colonialismo Europeu e seus reflexos na sociedade islâmica”.

O renomado professor abriu sua palestra mostrando que, desde o princípio do mundo, a religiosidade é utilizada na política para chamar o povo a servir a uma causa com um objetivo paralelo, fosse ele a expansão territorial, a guerra ou a escravidão. Foi assim na Idade Média, já na primeira Cruzada; no Colonialismo Europeu e até na atualidade, em discursos como o de George W. Bush em campanha, nos Estados Unidos. “A religião sempre foi usada com fins políticos, em forma de ataque ou de defesa”, comentou.

Ele traçou um paralelo entre o colonialismo europeu e a sociedade muçulmana no Oriente Médio, além de abordar a questão da emergência de grupos religiosos organizados e da Irmandade Muçulmana. “Devido à grande ânsia colonialista europeia, com intuito de dominar o petróleo árabe, entre outros interesses, surgiram grupos organizados que desejavam a real liberdade. Em sua maioria pacíficos, esses movimentos deram origem ao Islam Reformista Institucional, nos países dominados pelo colonialismo europeu”.

Habib também falou sobre o impacto dos pensadores e intelectuais muçulmanos na formação da identidade islâmica na era pós-colonialista. “Os intelectuais religiosos queriam que o Islam Reformista tivesse como missão revitalizar e modernizar o islamismo. Um dos militantes mais importantes foi o egípcio Hassan Al-Banna, da Irmandade Muçulmana, assassinado em 1948, aos 48 anos. Assim como ele, Sayyid Qutb e Sheikh Kishk lutaram pela liberdade do Egito, mas foram brutalmente assassinados”.

Para finalizar, o professor dissertou sobre o papel da religião na formação dos Estados Nacionais do Oriente Médio e sobre a moderação e o radicalismo no islamismo político, com ênfase nos grupos islamistas variados, desde os apolíticos (como sufis e salafistas) até os de calores ocidentais (como al-Nahda) e outros que atuam apenas nos campos social, cultural e humanitário, com siglas diversas. “Infelizmente, a mídia se concentra apenas nos grupos radicais e extremistas, deixando de lado os movimentos pacifistas e que lutam em prol da melhoria de toda a região”.

A palestra do professor Mohamed Habib foi bastante prestigiada pelos participantes, ávidos pelo conhecimento e interessados em esclarecer dúvidas, como as ligadas ao novo mapa do Oriente Médio. “Assusta-me a criação do desenho de um novo mapa, que levará o mundo árabe ao caos e brinca com a inteligência humana. A Líbia é um exemplo contundente: já existem sete grupos prontos para dividir o país. No Iraque, há pelo menos uma divisão em três partes previstas, bem como no Sudão. É importante refletir sobre quais são as reais intenções dos países do Ocidente em desejarem dividir os países árabes, sem ao menos consultar os interesses da população local”, instigou o professor.

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