FAMBRAS participa de jantar oferecido pelo Conselho de Embaixadores Árabes no Brasil e representantes dos Embaixadores dos Estados Membros da Organização de Cooperação Islâmica ao presidente Lula
A Federação das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS participou do jantar em homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite desta quinta-feira, 8 de fevereiro, na Embaixada da Palestina em Brasília (DF). O evento foi promovido pelo embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, em nome do Conselho de Embaixadores Árabes no Brasil e dos representantes diplomáticos dos Estados Membros da Organização de Cooperação Islâmica.
O encontro reuniu autoridades, incluindo o presidente da FAMBRAS, Mohamed El Zoghbi, e o vice-presidente da entidade, Ali Zoghbi, juntamente com embaixadores árabes e representantes de organizações parceiras. Entre os ilustres presentes estavam a primeira-dama, Janja Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Justiça, Ricardo Lewandowski.
Além disso, estiveram presentes o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, e o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta.
Leia o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o evento:
Quero agradecer ao embaixador Ibrahim Mohamed Alzeben, decano de corpo diplomático, pelo convite para este jantar. Cumprimento igualmente cada uma das senhoras e senhores embaixadores e representantes dos países árabes e muçulmanos em Brasília.
Minhas primeiras palavras são de gratidão pela decisão da Fundação Yasser Arafat de me conceder a condição de membro honorário. Arafat foi um líder corajoso e determinado, que dedicou sua vida à causa palestina. Agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com Yitzhak Rabin, deixou um legado de dedicação, moderação e persistência que hoje caracteriza a Autoridade Nacional Palestina, na figura do meu amigo Mahmoud Abbas. Mais do que uma distinção pessoal, vejo esse gesto da Fundação como uma homenagem aos brasileiros e brasileiras que ao longo de décadas atuaram em prol da estabilidade no Oriente Médio. Entre eles estão os funcionários do serviço exterior e das forças armadas que atuaram na operação “Voltando em Paz”, que nos permitiu retirar quase 2 mil brasileiros e seus familiares da zona de conflito e levar alimentos, insumos médicos e purificadores de água para Gaza.
Nesta noite em que evocamos e celebramos nosso rico patrimônio étnico-cultural, quero transmitir uma mensagem de solidariedade aos que são vítimas de discriminação e preconceito. Rechaçamos todas as manifestações de islamofobia e antissemitismo. Não podemos permitir que a intolerância religiosa se instale entre nós. Árabes, muçulmanos e judeus sempre viveram em perfeita harmonia no Brasil, ajudando a construir o país moderno de hoje. Essa convivência harmoniosa é fonte de inspiração para nossa atuação diplomática. Ela norteou nossa ação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que integramos até dezembro do ano passado. Ela expressa o caráter universalista da nossa política externa e nos leva a buscar parcerias com os países do Sul Global. Esse é o espírito com que visitarei em alguns dias o Egito, a Liga Árabe e a Etiópia, dois novos integrantes do BRICS, e participarei da 37ª Cúpula da União Africana.
Senhoras e senhores,
Ontem completaram-se quatro meses dos ataques perpetrados pelo Hamas. Condenamos de forma veemente esses atos terroristas. Condenamos com igual veemência a reação desproporcional de Israel. Atuei pessoalmente junto a vários chefes de Estado e de Governo em prol do cessar fogo, da libertação dos reféns e da criação de corredores humanitários para a proteção dos civis. É chegada a hora de dar uma basta à catástrofe humanitária que se abateu sobre os mais de 2 milhões de palestinos que vivem em Gaza. Já são quase 30 mil mortos, em sua maioria crianças, idosos e mulheres indefesas. Mais de 80% da população foi objeto de transferência forçada e os sistemas de saúde, de fornecimento de água, energia e alimentos estão em colapso. Basta de punição coletiva.
Por esses motivos, entre outros, o Brasil se manifestou em apoio ao processo instaurado na Corte Internacional de Justiça pela África do Sul. As medidas cautelares da Corte devem ser acatadas. O Brasil também integra a Comissão Consultiva da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA). As recentes denúncias contra funcionários da UNRWA precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la. O Brasil exorta a comunidade internacional a manter e reforçar suas contribuições para o bom funcionamento das suas atividades. Meu governo fará aporte adicional de recursos para a Agência. Também continuaremos a trabalhar para que a Palestina seja admitida na ONU como membro pleno.
Senhoras e senhores,
Há 75 anos o mundo aguarda uma solução para a justa aspiração de um Estado próprio. Estejam certos de que o Brasil fará tudo o que estiver ao nosso alcance para que a atual escalada de violência seja rapidamente interrompida É urgente a retomada do diálogo entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina, com o apoio da comunidade internacional, inclusive países em desenvolvimento. É com esse espírito que convido todos a erguerem um brinde à um Estado palestino soberano, economicamente viável, que viva em paz e segurança com Israel.
Que a paz esteja com todos.